sábado, 21 de julho de 2012
Politica… Crónica de uma morte anunciada!
Em termos políticos, o século XIX circunscreveu a batalha do intento liberal sobre o absolutismo de matriz monárquica. Em Portugal, a luta iniciada com o Vintismo (Constituição de 1822), marcou três décadas de efervescência politica, caracterizadas por sucessivas guerras civis. A Regeneração (1851) implementada por Fontes Pereira de Melo, obtida através da convergência do progressismo moderado e do cartismo liberal, proporcionou um certo apaziguamento politico que iria subsistir até ao advento da República. Também no século XIX, Friedrich Nietzsche anuncia ao mundo a “morte de Deus”. Na segunda década do II Milénio, anuncia-se por toda a Europa a “morte da política”. Visão assustadora para alguns! Efectivamente assiste-se a uma transformação nas relações de poder, onde recorrentemente se verifica que a orientação e governação dos estados soberanos são confiadas a tecnocratas em detrimento de políticos. Porquê? Será que desapareceu a cultura política? O que é na verdade a política? As respostas não são certamente óbvias e muito menos, simplistas. Analisando a conjuntura actual, e em particular a componente socio-económica portuguesa, rapidamente se projecta um cenário particularmente adverso, pelo que urge conceber reformas de fundo, transversais a toda a sociedade portuguesa. Neste particular, evidencia-se uma forte resistência corporativa instalada, que dificulta a introdução e execução de reformas ditas estruturais. Recuando novamente no tempo lusitano, comprova-se que o Liberalismo do século XIX e a República do século XX, não lograram vingar devido à forte resistência corporativa, que impulsionou e fomentou alguns períodos de ditadura (Sidonismo, Cabralismo e mais tarde o Estado-Novo). Mouzinho de Silveira (1780-1849) terá sido o último grande reformista do período contemporâneo. A segunda metade do século XIX e todo o século XX foram marcados pelo florescimento da acção política. A política tornou-se moda. “O combate político” tornou-se expressão de signatários ofuscados pela “Vontade de Poder”.
Sem demagogia, verifica-se de forma inequívoca, uma supremacia do poder económico face ao poder político. A economia regula a política! Que mudança! Desta forma, a tecnocracia assume relevância acrescida. A produção e fomento de normas e directivas governativas que potenciem o tão desejado crescimento económico apostado na construção de uma sociedade plural e justa quanto possível, são actualmente, tarefas atribuídas a ministros claramente tecnocratas. A política enquanto sistema, revela-se entrópica, fecha-se, dilui-se em si mesma. Os modelos políticos transformaram-se num “bricolage” de ideias de ocasião. Aprofunda-se um total descrédito nos agentes políticos. De forma pouco surpreendente verifica-se uma constante incapacidade política na resolução dos grandes desafios colocados a descoberto pela crise das dívidas soberanas- edificada por políticos, criticada pelos mesmos políticos!
Faz, cada vez mais sentido observar o materialismo histórico proposto por Marx e Engels, em que a luta de classes (detentores dos meios de produção Vs. produtores de riqueza) se comporta como o motor da história, culminando em revoluções sociais. Na verdade assiste-se a uma nítida transferência de poder; desejada, mas potencialmente perigosa!
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