sexta-feira, 7 de maio de 2010

Yak-e bud...yak-e nabud


A história na sociedade afegã!

O titulo, por si só, pode não parecer sugestivo, contudo ele materializa o inicio do riwayat (pequena história metafórica). O riwayat, tem o seu equivalente em Dari e Pashto, na forma de "hikayat ou qissa", e em baluchi "nakl",
Yak-e bud, uak-e nabud (there was, there was not), assim começa boa parte dos riwayat. Importa nestes generos literários, salientar o legado histórico, a aprendizagem retida, a moral... quanto aos factos minoriza-se a sua exactidão.

A escrita é na realidade muito metafórica, pelo que, quando se pretende contar/descrever factos concretos utiliza-se a expressão "Hal in ast ki", ou seja (the matter is that). O intuito da história é na realidade servir de experiência para o presente. Um aspecto que importa referir, é que a história cronológica é colocada de parte, as histórias começam maioritariamente "Como é que o meu irmão foi preso pelos Taliban; Como é que os Taliban abusavam de crianças iranianas etc". Se se fizer um pergunta concreta acerca dos Taliban, a resposta será muito pouco objectiva, mas sim generalista, com o intuito de mostrar a ideia geral, e concerteza será também ela enfatizada!

A absorção que tenho feito, relativamente à cultura afegã, tem-se revelado interessante. Por incrivel que pareça, o afegão é na verdade um ser muito romântico.
O romantismo identifica-se em primeira instância na língua; em Dari ou em Pashto, não existem palavras especificas para grande parte das coisas,pelo que, é necessário descrever o cenário ou o contexto para descrever pequenas palavras; eis que pela forma de falar se começa a identificar pequenas notas românticas; na verdade o povo afegão adora falar, sendo que ao assistir aos primeiros diálogos, me parecia que estavam sempre a discutir.

Termino esta entrada no blog, partilhando com os leitores e amigos, um pequeno riwayat, que pretende mostrar a forma de ser dos "Pashtun", indivíduos muito rígidos que vêm a "sharia" como o fundamento das regras sociais:

...um dia eis que chegou a hora, o baluch teve de dar a sua filha em casamento. Ora bem, o pashtun veio para cá trabalhar e acabou por casar com a rapariga para construir uma família. Depois, levou a sua esposa, para a sua terra..não me lembro onde era a província, se era Helmand, Kandahar ou Lashkar Gah... o que é certo é que ele levou-a. Tempos mais tarde o pai "baluch", disse que gostava de saber como se encontrava a sua filha e se ela estava viva, ou se tinha sido feita prisioneira. O baluch partiu assim de encontro à casa onde morava a sua filha, mas não foi fácil lá chegar, uma vez que não havia carros, apenas burros e camelos. Passados 14 dias chegou a casa do marido de sua filha. Foi bem recebido, com muito pão e chá. Eis que o Baluch, disse que queria ver a sua filha...o marido respondeu que ele tinha bastante tempo e que a iria ver. No outro dia insistiu, e a resposta foi a mesma. Passados alguns dias já aborrecido afirmou que tinha vindo de muito longe para ver a sua filha e não o marido da mesma. O Pashtun embaraçado, respondeu que não era seu costume, e que não lhe era permitido mostrar a sua mulher a ninguém. O baluch respondeu que era pai, que tinha cuidado e alimentado a sua filha e que tinha o direito de a ver. Eis que o pashtun disse que não a estava a esconder, pelo que ela estava mesmo atrás da cortina da sala. Abriram a cortina e lá estava a filha do baluch sentada do outro lado da cortina. O pai perguntou à filha:- estás bem, como tens passado, como é a tua vida?. A filha respondeu: não estás a ver como é a minha vida? porque me perguntas? Assim, o pai saiu,pegou o seu velho casaco e foi embora. Esta é a forma como os pashtun vivem. Over. The program is over. "laughs".

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Profilaxia de um Portugal à beira do colapso!!!


Portugal, o que se espera de ti?

Será passível, de se ter como futuro próximo, uma Nação que exorta os mais notáveis feitos na conquista daquilo a que hoje apelidamos de "Globalização", e que continuamente, submerge no marasmo e na incapacidade de se demarcar de politicas tipicas de regimes do terceiro mundo? A verdade é que o futuro esta a ser traçado nesse sentido.

Daqui a cinco décadas, estarão os alunos das disciplinas de história, a estudar a História de Portugal Contemporâneo, politico-institucional e económico-social, e os temas gerais, não vão fugir ao que a seguir se enuncia:
Aspectos da vida politica: usurpação de poderes confiados pelo sufrágio; manipulação do eleitorado que em grande número desconhece o acto eleitoral; núcleo duro dos partidos políticos faz-se eleger para a assembleia representativa, por circulos eleitorais diversos (nos quais nem sequer são conhecidos); permissão para concorrer simultaneamente a diferentes cargos de representação politica; ausência de verdade na condução das directivas politicas; escândalos sucessivos, decorrentes de gestão danosa e aproveitamento do status social adquirido; proliferação de politicas de inverdade; descrédito do povo na vida politica e consequente abstenção eleitoral; corrida às subvenções vitalicias, brilhantemente criadas por politicos e para politicos.
. Aspectos da vida institucional: nomeações duvidosas para diferentes cargos institucionais; proliferação de institutos e departamentos que ninguém percebe para que servem; envolvimento de dirigentes de diferentes instituições em escândalos sociais e em matérias de crime económico; desacreditação total da população na justiça, que teima em ser excessivamente burocrática, a par da desconfiança dos portugueses na forma como as leis se constituem demagógicas, permitindo interpretações sucessivas, gerando permanente impasse e demora na resolução das contendas
. Aspectos da vida económica e social: flutuações permanentes nos mercados internacionais; especulação dos mercados; endividamento do estado; incapacidade do estado no controlo da divida pública; investimentos sem visão estruturante; esmagamento da classe média fruto dos sucessivos aumentos de impostos directos e indirectos; aumento da pobreza e consequente exclusão social; descrédito nas instituições pilares do estado.

Com um cenário desta tipologia, importa apontar responsabilidades. O que é a responsabilidade politica inúmeras vezes evocada? Onde para a ética? Quem fala verdade? Será a politica apenas um mundo de retórica, que pouco ou nada contribui para a resolução dos problemas sociais? Quem acredita em altruismo e sentido de dever?

Com uma conjuntura tremendamente dificil, em que o descrédito é a nota dominante, quem poderá salvar esta nobre nação. É altura de devolver a democracia conquistada pelos militares. É altura de atribuir responsabilidades. Está na hora de incutir o espirito de dever. É tempo de olhar para dentro, é tempo de reformar efectivamente este estado que se diz de direito, mas que tende a navegar rumo ao colapso!!!

Até a natureza se revolta e repreende!