quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A vivência da Morte na Idade Média


A morte, independentemente do tempo histórico, envolve-se num inevitável dramatismo inerente à finitude da condição humana. Num passado longínquo, na vida quotidiana, a morte simbolizava o fim de um período, e “eventual” começo de uma nova e desconhecida etapa. Nos dias que decorrem a morte não possui um efeito psicológico determinante na vida das pessoas; vive-se com a ideia de que “só os outros morrem”, sendo preferível não pensar muito na própria morte. Na Idade Média, o processo de consciencialização da morte gerava no indivíduo uma permanente preocupação, revestindo-se de uma forte componente trágica dissociada de qualquer pressuposto casual. A presença da morte causava no indivíduo um pesado temor e consequentemente elevado respeito.
Na Idade Média, e fruto de conjunturas bastante adversas (guerras, pestes, epidemias), a vida humana era curta e pouco representativa, pelo que, a morte era geralmente aceite como socialmente justa, fazendo parte do quotidiano como algo de natural. A grande preocupação com a morte residia na necessidade de preparar esse momento. No momento da morte tudo se pode reparar, através da absolvição! À semelhança do “Tribunal de Osíris”, na hora da morte efectua-se a pesagem da alma (balança composta pelas boas e más acções). O último momento, constitui-se como o derradeiro instante em que o moribundo enfrenta a morte, colocando-se em evidência a atitude perante a “visualização” de toda uma vida, determinando-se a salvação ou a anulação de todas as boas acções. Desta forma, o indivíduo conhece o resultado, ou seja a sua sorte, antes da decisão do juiz. È de referir que antes da reforma católica, não importam as acções/conduta durante a vida, mas sim, a atitude no momento final (morte); pressuposto este que muda após a reforma católica, impondo-se a necessidade de conduzir uma vida virtuosa e moralmente relevante, por forma a alcançar a salvação da alma.
O temor sentido em relação à morte assentava na componente trágica de uma má morte. A morte súbita era considerada uma morte feia, vil, um castigo não merecido. A morte clandestina, sem testemunho ou cerimónia era sinal de maldição. Importava pois estar permanentemente preparado para o acto da morte e enfrentá-la de forma solene “o pesar da vida está associado à simples aceitação da morte próxima...”.
A boa morte é desejável, sendo que nela o moribundo pode-se redimir das más acções de toda uma vida, pelo que existia na Idade Média, uma enorme preocupação para com a hora da morte. A boa morte exigia morrer deitado, de costas assentes no chão, envolto num ambiente de enorme solidariedade, onde a reconciliação com Deus era garantida através de todo um ritual de mágoa colectiva. O ritual da morte era composto por sacramentos e exaustivos testamentos carregados de gestos de caridade, beneficência, misericórdia para com os pobres. A questão testamental é de extrema importância na hora da morte, e vital para a tão desejável boa morte. As directivas testamentais são de elevada descrição, com especial destaque para as doações. Os testamentos comportam um sem fim de instruções aos herdeiros (linhagem, condução e gestão patrimonial) e à comunidade (obrigatoriedade de presença no enterro por parte de todas as ordens e clerezias, realização de missas e orações, determinações especificas relativas à vivência diária, deveres de preces, de cânticos etc,), pelo que se denota por parte do moribundo um exagero no controlo do futuro após a sua morte. Com uma boa morte, o acto da morte decorre com imensa simplicidade, com todo um ritual alienado de dramatismo/ausência de emoções fortes, evidenciando-se uma clara aceitação da morte como uma vontade divina, onde importa proceder a todo um ritual de penitência, evitando-se o purgatório e alcançando o paraíso.
No estudo da morte na Idade Média é importante assinalar a incorporação dos mortos no mundo dos vivos. Para tal muito contribuiu o culto dos mártires e as igrejas cristãs. Ao contrário das necrópoles extra-urbanas da época merovíngia (a localização do cemitério era afastada dos locais de habitação), verificamos a integração do cemitério como espaço sagrado no átrio das igrejas. Aqui se verifica uma mudança psicológica importante, ou seja, o homem passa a familiarizar-se com os mortos, co-habita com eles, respeita-os e dignifica-os.

É de todo verificável que a morte na Idade Média é revestida de uma forte componente social, existindo uma grande solidariedade no acto de morrer. Já no período contemporâneo, após o século XVIII, a morte assume os contornos que figuram nos tempos presentes; assiste-se a um incrementar de um dramatismo e impressionismo na forma como se lida com a morte. A morte passa a ser “ A morte do outro”!

sábado, 2 de julho de 2011

Valdoxan, Portugal e o futuro


Pensar no futuro, exige antes de tudo pensar o passado recente e o presente imediato. Ao executar este simples exercício, facilmente se verifica que o futuro não se vislumbra risonho, mas sim medonho. Valorize-se a acção dos “média” na análise deste Portugal mergulhado numa crise sem precedentes. Crise, que sendo para alguns, apenas de carácter politico, ela é na verdade uma crise de teor globalizante, ou seja uma conjugação dos grandes vectores de análise de uma sociedade; assim sendo, experiencia-se uma crise económica, uma crise social, mas também um crise de valores alicerçada numa descrença em todo e qualquer “modelo” governativo. Esta conjuntura tem na sua base os frutos nefastos da globalização, para a qual tanto contribuímos com um passado virtuoso, mas acima de tudo, na incapacidade governativa das lideranças democráticas. Arrisco-me a afirmar, que a democracia se tende a esgotar e a esvaziar num mar de ideologias populistas, que naturalmente não se revêm naquele que é o principal estimulo do capitalismo que nos governa: o sistema financeiro. Assistimos no final de 2008 a um episódio de evidente crise internacional, assente no “subprime” (empréstimos hipotecários de alto risco, com base numa valorização dos imóveis que permitiam subsequentes empréstimos de risco, arrastando instituições bancárias para uma situação de insolvência) que se vinha evidenciando desde 2006. Mas a crise financeira permitiu tornar claro o “desgoverno” de alguns países, que aumentaram para valores astronómicos a sua “divida soberana”, ou seja, a divida do estado perante as instituições financeiras. Assim os mercados sobem diariamente as suas taxas de juro com base em sistemas de “rating” pouco claros e que tendencialmente especulam e esmagam as economias mais frágeis.
Se é certo que ainda não se conhece a situação real do país no ano de 2011, estudos técnico tendem a confirmar aquilo que há muito se “sabia”; Portugal gasta mais do que aquilo que efectivamente produz. Neste particular aspecto, “elogie-se” o ideal socialista que na ultima década promoveu o desinvestimento na economia, lançando o seu foque na bandeira do “Estado Social”. Ao fazê-lo promoveu ainda mais as assimetrias, esmagou a classe média e promoveu o espírito da “calanzice” em detrimento do trabalho, do mérito, da auto-superação. Muito haveria para escrever, se o objectivo fosse a caracterização geral de um país tecnicamente falido, necessitando claramente de injecção de capital, para assegurar no imediato liquidez. O que na verdade se assiste não é fruto apenas de uma conjuntura adversa, é na verdade a evidência da inexistência de uma estrutura económica nacional que nos permita crescer. Assistiremos a um triénio de franca recessão económica, mas e muito em particular viveremos situações de acentuado flagelo social. A condição de vida das familias tem uma tendência claramente recessiva. O desemprego, o endividamento das famílias, a insolvência e a criminalidade serão itens que indubitavelmente irão figurar no dia-a-dia deste futuro próximo.
Mas, e parafraseando um ilustre vil personagem, asseguro que para “grandes males, grandes remédios”. A ciência é um produto da criação do homem. Na verdade o homem destrói, mas também constrói. Neste sentido o homem decidiu salvar-se e neste particular, a investigação científica veio salvar Portugal e os portugueses. Recessão origina depressão. Pois bem, para aqueles que andam ou venham a estar deprimidos, uma vez que outra coisa se não pode pensar a não ser viver uma “boa depressão”, apresento-vos: VALDOXAN. A sua introdução no mercado nacional está a cargo da Servier Portugal, Lda,. Este maravilhoso fármaco da família dos anti-depressivos foi pensado para os portugueses. Tem como substância activa a agomelatina (substância agonista da melatonina, responsável pelo sono, e antagonista dos receptores da serotonina). O que significa isto? Simples, vamos todos dormir melhor sem perda da libido, ou seja, vamos andar mais animados e no final do dia poderemos fazer Amor e descansar sob um maravilhoso sono recuperador. Como é isto possível? Simples, a agomelatina ressincroniza os ciclos circadianos (períodos de cerca de 24 horas, sobre o qual se regula o ciclo biológico de qualquer ser humano, influenciado pela luz solar), isto é o hipotálamo passa a regular melhor a nossa temperatura, a nossa renovação celular, a nossa vigília, entre outros. Com efeitos secundários quase nulos ou muito ligeiros assegurado por delegados de propaganda médica, o dia-a-dia de todos os portugueses irá ser bastante positivo, repondo a normalidade onde ela não existe, devolvendo esperança aqueles que mergulham no marasmo da incapacidade, excepção feita aos alcoólicos que vão ter de aguardar por mais algum tempo, uma vez que este fármaco influi no sistema hepático, vulgo fígado, acelerando o processo de cirrose.
Alento e coragem, porque ajuda já nós temos!